Para entendermos se uma empresa é digital ou tradicional, precisamos conhecer o tipo de produto ou serviço que elas vendem e como o digital influencia esse produto.
Essa categorização tem um enorme impacto não apenas na maneira como produtos digitais serão gerenciados, mas, também, nos papéis que uma organização precisará ter e em qual será a estratégia ao pensar em desenvolver um produto.
Teremos uma área? Não teremos? Criaremos squads ou não criaremos? O produto estará numa parte estratégica ou não?
Empresas digitais
Todos conhecemos empresas digitais. Google com seus principais produtos, Google Search e Gmail. Amazon Web Services. Facebook. Instagram. WhatsApp. SAP. Salesforce. Zendesk. As empresas em que trabalhei (Locaweb e Conta Azul).
Todas essas empresas vendem seus produtos de software para seus clientes. O produto é o core da empresa. Se não houver produto de software, não há empresa.
Você consegue imaginar o Google sem o software de pesquisa do Google? Ou o Instagram sem o aplicativo Instagram? Ou o Zendesk sem o software do Zendesk?
Nessas empresas, a gestão de produtos é o núcleo da empresa. Ela é responsável por definir uma boa parte – senão toda – da visão e da estratégia da empresa. O papel do gestor de produtos nessa empresa é principal.
No ebook gratuito abaixo, explicamos em mais detalhes como funciona a mentalidade dentro de empresas digitais e qual o papel das metodologias ágeis na evolução dessas organizações.
Empresas tradicionais
Na outra ponta do espectro, há o que podemos chamar de empresas tradicionais. Essas empresas vendem produtos e serviços que não são software.
No entanto, todas elas estão, de uma forma ou de outra, passando por algum tipo de transformação digital, ou seja, aprendendo a usar a tecnologia digital para melhorar seus negócios.
Estes são alguns exemplos de melhorias que podem resultar do uso de tecnologias digitais:
- Relacionamento aprimorado com o cliente;
- Coleta de dados e visões;
- Inovação através de experimentação rápida;
- Maior velocidade e qualidade do processo através da automação.
Vou citar alguns exemplos brasileiros conhecidos. O Itaú, um dos maiores bancos brasileiros, fundado em 1924, está investindo muito para se tornar digital, com o Internet Banking e seu aplicativo.
De tempos em tempos, eles lançam campanhas de TV para mostrar essa transformação. O Itaú tem 98 anos.
A Magazine Luiza, uma rede de varejo física fundada em 1957, também investe muito em sua presença digital. Eles são bem conhecidos no Brasil por sua presença online e seu aplicativo.
Outros bons exemplos de empresas tradicionais que investem em presença digital são companhias aéreas e hotéis. Eles têm sites e aplicativos para que os clientes possam comprar passagens, fazer reservas e interagir com seus clientes.
Nas empresas tradicionais, seus produtos ou serviços existem e provavelmente existiram por muito tempo sem a tecnologia digital.
Executivos e acionistas estão começando a entender como as tecnologias digitais podem impactar seus negócios e estão investindo na transformação digital.
Nessas empresas, a gestão de produtos de software é um facilitador, mas não é o núcleo. Normalmente, faz parte de uma equipe chamada “a equipe digital”.
Os gestores de produto terão que ganhar seus espaços, mostrando como a tecnologia pode impactar os negócios.
O terceiro tipo de empresa: empresas tradicionais nativas digitais
Esses tipos de empresas possuem produtos ou serviços tradicionais que podem existir sem tecnologia.
Entretanto, como elas incluem a tecnologia desde o início como uma capacidade estratégica, elas são empresas digitais.
Elas são consideradas empresas de tecnologia e, de certa forma, são. A tecnologia está no centro de sua estratégia.
Por outro lado, quando olhamos mais de perto, o produto delas não é tecnologia. Seus produtos são ativados e potencializados pela tecnologia digital.
Os produtos da Amazon são mercadorias (livros, computadores, telefones celulares etc.).
O produto da Netflix e do YouTube é conteúdo de vídeo.
O produto do Spotify é conteúdo de áudio. O Airbnb é um negócio de propaganda que gera conexões com as residências oferecidas para aluguel.
O Google Ads também é uma empresa de publicidade que gera conexões com qualquer produto ou serviço anunciado.
O Nubank, um banco digital brasileiro, oferece serviços de cartão de crédito e conta bancária, como qualquer outro banco.
O serviço principal da Uber e da Lyft é o transporte.
Rappi, um serviço de entrega colombiano, e iFood e GrubHub, serviços de entrega de comida, são o que acabei de escrever: serviços de entrega.
O Gympass oferece acesso a mais de 50.000 academias e estúdios em todo o mundo.
Seus produtos não são tecnologia. Seus produtos não são software. A tecnologia e o software digitais viabilizam e potencializam seus produtos.
Por esse motivo, a gestão de produtos é muito importante, mas não é central para a definição da visão e estratégia da empresa.
Os gestores de produto terão um papel muito importante na definição e execução da visão e estratégia da empresa, mas não terão um papel central.
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Sobre o autor: Joaquim Torres, mais conhecido como Joca, é advisor e coach de desenvolvimento e gestão de produtos digitais. Liderou a transformação digital da Lopes Consultoria de Imóveis como CDO e tem um longo histórico nas empresas Gympass, Conta Azul e Locaweb. Iniciou a sua carreira montando uma startup em 1992, um BBS que se tornou um dos primeiros provedores de acesso à internet do Brasil. Além disso, é autor de 3 livros sobre gestão de produtos digitais.