Motivação. Palavra tão falada que você pode pensar que já deu, já era.
Nada disso. Esta é uma das 10 habilidades críticas para o sucesso nos próximos cinco anos, de acordo com o relatório The Future of Jobs 2023 do Fórum Econômico Mundial.
Mas afinal, o que é motivação?
Pensando na etimologia da palavra, motivação deriva do latim motivus / movere, que significa mover. Para a psicologia, trata-se de coisas que incentivam alguém a realizar algo. Motivação está também bastante associada àquela forte vontade de fazer um esforço para alcançar determinados objetivos.
Agora, pense na realidade do mundo corporativo: clientes exigentes, concorrência acirrada, ambiente mais complexo, metas desafiadoras. Como dar conta de tudo isso e desempenhar em alto nível sem a tal da motivação?
Estar desmotivado um dia ou outro é normal e até esperado. Todos temos dias ruins. Não é sobre isso. É sobre o longo prazo. Como ter alta performance de forma consistente sem motivação? É muito improvável que isso aconteça.
Um profissional desmotivado não faz o esforço adicional para gerar uma experiência diferenciada ao cliente, não propõe inovações, não dá aquele algo a mais. E, cá entre nós, deixa de ser relevante para as organizações.
A evolução da motivação
A motivação é um tema que vem sendo estudado há muito tempo. Pessoalmente, gosto da abordagem do autor norte-americano Daniel Pink, que separa as teorias da motivação em três momentos.
Motivação 1.0 – É a motivação primária, determinada por necessidades biológicas. Está relacionada à sobrevivência.
Motivação 2.0 – É a motivação extrínseca. Baseia-se em recompensa e punição ou, na linguagem popular, cenoura e chicote.
Motivação 3.0 – É a motivação intrínseca que se sustenta em três pilares e faz muito mais sentido no contexto que vivemos hoje:
- Autonomia: necessidade de estar no controle da própria vida (liberdade de horário, de local de trabalho, liberdade de escolher como realizar uma tarefa etc.);
- Maestria: desejo de se tornar excelente em algo relevante, de estar em constante aprimoramento;
- Propósito: vontade de fazer algo maior que nós mesmos, necessidade de ver sentido no que estamos fazendo.
É essa motivação, essa forte vontade interna, que continua sendo uma habilidade valiosíssima.
A questão é: como desenvolvê-la?
O caminho está indicado no mesmo relatório mencionado acima, onde a habilidade motivação vem acompanhada de autoconsciência, ou autoconhecimento.
Parece óbvio, não? Se a motivação é intrínseca, para encontrá-la é preciso olhar para dentro. É necessário entender o que faz seu olho brilhar no trabalho, o que te dá prazer.
Ganhando consciência sobre seus fatores de motivação
Já percebeu que existem atividades em que você se dedica ao máximo sem que ninguém peça, que faz com todo o gosto e vontade, que quer repetir o mais rapidamente possível?
Em outras palavras, são atividades em que existe motivação.
Talvez você tenha pensado num hobby ou atividade de fim de semana. Se foi o caso, desafio você a ir além e a identificar atividades no seu trabalho. Sim, elas existem!
De forma geral, as atividades que nos motivam usam nossos talentos. Ah, mas eu não tenho talento. Tem, sim. Todos temos.
Talento é uma forma natural e recorrente de pensar, sentir e agir. São habilidades individuais e únicas que geram uma facilidade para fazer coisas de um jeito específico.
Quando estamos envolvidos numa atividade em que podemos usar nossos talentos, nos sentimos bem, animados, energizados e motivados.
Portanto, se você quer aumentar sua motivação, amplie seu autoconhecimento em relação aos seus talentos. Vamos abordar como fazer isso em seguida.
As pesquisas lideradas pelo psicólogo norte-americano Donald Clifton mostraram que existem 34 temas de talento, organizados em quatro domínios: execução, construção de relações, influência e pensamento estratégico.
Cada um de nós tem um mix de talentos distinto. Geralmente manifestamos cerca de 10 dos 34 temas. E com esse mix, vem junto nossos fatores de motivação.
Como aumentar sua motivação a partir de seus talentos
O primeiro passo é a identificação de talentos. Você pode fazer isso de diferentes formas.
1) Auto-observação:
- Em qual atividade você perde a noção do tempo?
- Qual atividade você espera ansiosamente o momento de repetir?
- Que habilidade você usa ao realizar essas atividades? Esta é uma pista para seus talentos.
2) Elogios:
- Pense em situações em que recebeu elogios de outras pessoas.
- O que você fez?
- Que habilidade utilizou? Também serve como indicativo de seus talentos.
3) Avaliação CliftonStrengthsTM:
Para quem gosta de métodos mais exatos, ferramentas como esta avaliação da Gallup podem ajudar. Existem diferentes opções de relatório, desde a identificação dos cinco temas de talento dominantes até a visão completa dos 34 temas de talento.
O segundo passo é identificar quais necessidades você precisa que sejam atendidas para usar ao máximo seu talento. Em outras palavras, quais fatores influenciam sua capacidade de fazer o que sabe de melhor.
Por exemplo:
- Pessoas com talentos dentro do tema Disciplina (domínio Execução) são muito eficientes, pontuais e organizadas e necessitam de um ambiente estruturado para desempenhar bem. Por isso, motivam-se ao executar atividades de forma ordenada e bem estruturada.
- Pessoas talentosas do Desenvolvimento (domínio Construção de Relações) são pacientes, atenciosas e incentivadoras. Sentem-se motivadas pelo potencial humano, especialmente quando podem investir no progresso de outros.
- Pessoas com talentos de Carisma (domínio Influência) tem uma habilidade social muito grande. Para exercê-la bem, precisam ampliar o círculo social e aumentam sua motivação quando podem estar constantemente conhecendo pessoas novas.
- Pessoas com talentos no tema Analítico (domínio Pensamento Estratégico) demonstram grande capacidade de raciocínio lógico e objetividade. Necessitam de tempo para pensar e motivam-se em situações em que podem analisar fatos e dados.
Por fim, o terceiro passo é ajustar sua rotina para endereçar melhor seus fatores motivacionais. Você pode fazer adequações na forma de execução do seu trabalho ou até se envolver em atividades voluntárias fora do seu escopo principal. O importante é que você faça mais daquilo que te energiza.
E se eu for líder de um time?
Caso você ocupe um cargo de liderança, pode, além de trabalhar sua própria motivação, ajudar os membros da equipe a desenvolver a deles. É seu papel como líder criar um ambiente que estimule a motivação.
Como? Apoiando cada liderado na sua jornada de autoconhecimento, identificação de talentos e respectivos fatores de motivação. Além disso, pode facilitar o ajuste de papéis e responsabilidades para que cada um possa ter suas necessidades atendidas enquanto atingem os objetivos de negócio.
Não se trata de estar sempre 100% motivado, amando loucamente todas as tarefas da sua rotina de trabalho. Isso não existe. A vida de adulto e profissional maduro inclui fazer coisas simplesmente porque precisam ser feitas. Ponto final.
Mas lembre-se: um profissional de alto desempenho e que gera valor para as empresas precisa ser capaz de se automotivar para entregar aquele algo a mais que vai fazer toda a diferença.
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Sobre a autora: Patrícia Fauth atuou por 15 anos em funções corporativas, com passagens pela Falconi e pela John Deere. Atualmente, lidera a Patrícia Fauth | Mentoria & Capacitação e atua como mentora da FRST Falconi nas competências Liderança e Relacional. É especialista em liderança humanizada e coach de pontos fortes certificada pela Gallup.