Inúmeras pesquisas apontam que a saúde mental durante a pandemia atingiu o seu pico de estresse. Em uma dessas pesquisas, liderada pela Microsoft, dentre os 8 países mapeados, o Brasil teve o maior número de pessoas relatando estresse e exaustão, com 44%, seguido dos Estados Unidos, com 31%, e da Alemanha, com 10%.
Se você lidera ou já liderou um projeto ou uma equipe, sabe dos inúmeros desafios de estresse e pressão que enfrentamos no dia a dia.
Um dos caminhos para lidarmos melhor com esse estresse passa por dois aspectos: primeiro, estruturas e processos de trabalho que apoiem o indivíduo a criar um ambiente com mais espaço de descompressão; e segundo, indivíduos cientes e capazes de gerenciar altas cargas de estresse.
É sobre esse segundo ponto, que está sob o nosso controle, que iremos falar: como gerenciar o estresse no dia a dia da liderança?
A gestão do estresse na liderança
Segundo pesquisas do neurocientista e especialista em liderança Daniel Friedland, as lideranças que conseguirem desenvolver e aprimorar a gestão de estresse com certeza sairão na frente de outras pessoas.
Primeiro, porque cada vez mais seremos bombardeados por estímulos, dados e conectividade, o que gera uma sobrecarga em nosso cérebro. Segundo, porque a inteligência emocional é uma das 15 habilidades mais importantes e necessárias para lidar com os desafios futuros, de acordo com o Fórum Econômico Mundial.
Você consegue se recordar de situações em que viveu altas cargas de estresse e como foi o seu comportamento diante delas? Em seu livro “Leading Well from Within“, Daniel Friedland aponta algumas iniciativas que as lideranças podem aderir para uma melhor gestão de estresse.
Primeiro, ele traz uma nova perspectiva de que o estresse, até determinado ponto, é bom, já que, na visão dele, estresse é sinal de que algo importante está em jogo. Segundo, que é fundamental a liderança agir a partir da criatividade e não da reatividade.
Lideranças que acessam estados criativos lideram a partir do bem comum, do amor e de um senso de propósito. Lideranças que agem a partir da reatividade lideram através do medo, da insegurança e dos baixos padrões.
Mindfulness e a reatividade
Daniel defende que a prática de mindfulness é essencial para que consigamos gerenciar a reatividade. Ele aponta três passos que podem ajudar a liderança nesse processo:
1. Reconhecer e gerenciar a reatividade
Todos nós passamos por diversos momentos de reatividade ao longo do dia e, em nosso cérebro, o responsável por despertar esse estado é o sistema límbico, que foi essencial na nossa trajetória enquanto espécie, já que ele ativa o mecanismo de luta ou fuga.
Quando estamos sob esse padrão, ficamos inseguros, fechados e pouco abertos à mudança. Reconhecer e identificar os padrões que geram reatividade em nós é o primeiro passo.
Perguntas como “Quais sensações estão em meu corpo?”, “O que estou pensando?”, “O que estou sentindo?” e “Como eu posso melhor me acalmar nesse momento?” podem ajudar.
2. Reavaliar o estresse e o autoengano
Em nosso cérebro, a parte responsável por nos fazer refletir sobre o que de fato está acontecendo após sair do mecanismo de luta ou fuga é o neocórtex.
Após situações de muito estresse, é natural que inconscientemente criemos um mecanismo de defesa, que é como uma proteção para contarmos a nossa própria história sobre o que aconteceu, criando uma distância entre a realidade e a nossa interpretação.
O convite aqui é entender o que de fato importa nessa situação. Perguntas como “O que aconteceu de fato?”, “Estou certo de que a situação que estou vendo é realmente a que aconteceu?”, “O que está gerando esse estresse? Status? Falta de autonomia? Injustiça?” e “Quais são as minhas crenças sobre o que aconteceu?” podem ajudar.
3. Cultivar a criatividade
De acordo com Friedland, só conseguimos acessar o terceiro estágio, que é o córtex frontal, quando passamos pelos dois anteriores.
Aqui, olhamos de fato para o bem comum e já enxergamos as outras pessoas ou situações que nos geraram a reatividade como aspectos naturais da existência. Uma liderança que age a partir da criatividade consegue se conectar com a energia de estar a serviço de algo maior.
Perguntas para ajudar você nesse estágio são “O que eu preciso aprender nessa situação?”, “Como eu posso me conectar melhor comigo mesmo?”, “Como eu posso servir melhor?” e “De que maneira eu posso me conectar melhor com a outra pessoa?”
Ciclos de reatividade e criatividade
Os ciclos de reatividade e criatividade acontecem várias vezes ao dia, daí a importância de conhecermos e identificarmos cada um deles para gerar uma liderança mais consciente, que trará também mais consciência para os negócios e, consequentemente, para o planeta.
Como diz Richard Barrett: “o nível de consciência de uma organização jamais será maior do que o nível de consciência das suas lideranças”.
Como você gerencia os momentos de estresse no dia a dia? O que você pode começar a fazer para acessar estados de maior criatividade na sua liderança?
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Tiago Vanini é mentor da FRST e fundador da consultoria Fractal Humano, uma consultoria especializada em Pessoas e Cultura. Há mais de dez anos, dedica-se a apoiar líderes e organizações a se desenvolverem de forma humana, consciente e sustentável, por meio de coaching, mentoria, facilitação e consultoria.