Que futuro é esse?

Segundo uma estimativa do IT Chronicles, geramos todos os dias mais de 2.000.000.000.000.000.000 bytes de dados em todos os setores. Sim, são 18 zeros! Isso corresponderia a mais de 1 trilhão de livros em dados. Ao mesmo tempo, apesar de estarmos no momento de maior abundância de dados na história, continuamos vivendo em um cenário de incerteza.

É da necessidade de compreensão dessa nossa realidade que surgiu o conceito do mundo BANI, apresentado pelo futurologista Jamais Cascio que “desbancou” o conceito do mundo VUCA (mais conhecido) e que ganhou maior visibilidade após os eventos da pandemia de Covid-19. (Ver o artigo “Facing the age of chaos”)

O acrônimo BANI refere-se a quatro principais características observadas na realidade atual, quais são:

  • B (brittle): Frágil. A fragilidade se refere à velocidade com a qual as mudanças podem ocorrer em modelos até então tidos como “sólidos” e altamente estáveis. O trabalho remoto é um exemplo disso. Até 2019, apesar de existir em diversas empresas, ainda não se vislumbrava uma ruptura tão marcante do modelo presencial.
  • A (anxious): Ansioso. Não à toa, o tema da ansiedade e da saúde mental passa a ser crítico para todo o contexto organizacional. Um mundo tão frágil e incerto desperta nas pessoas e nas empresas uma sensação de que qualquer decisão pode ser desastrosa.
  • N (nonlinear): Não-Linear. Há uma imensa dificuldade de compreensão das relações de causa e efeito. Temas como a pauta ambiental, a pandemia, crises econômicas, disputas geopolíticas, entre outros, tornam a dinâmica bastante imprevisível.
  • I (incomprehensible): Incompreensível. Com toda essa incerteza e imprevisibilidade, os acontecimentos reais parecem não fazer sentido. A complexidade de todo o processo aumenta e, portanto, a necessidade de combinar informações dos mais diferentes contextos passa a ser crucial.

A visão de Cascio pode ser dura e desconfortável, porém, traz mais clareza para os desafios profissionais que podemos nos deparar no futuro e, portanto, também nos ajuda a entender como podemos nos preparar para eles. De acordo com a pesquisa “Future of Jobs”, do Fórum Econômico Mundial, atualizada em 2020, as 5 principais competências de um “profissional do futuro” são:

  • Inovação e pensamento analítico;
  • Aprendizagem ativa e estratégias de aprendizagem;
  • Resolução de problemas complexos;
  • Pensamento crítico;
  • Criatividade, originalidade e iniciativa.

A pesquisa traz, no total, 15 competências e detalha as profissões de alto potencial e os conhecimentos técnicos mais esperados para essas posições. Entretanto, como já vimos com o mundo BANI, os dados nos trazem tendências, não certezas. Nesse aspecto, o peso das soft skills relacionadas à adaptabilidade, criatividade e aprendizagem passa a ser fundamental.

Onde está o papel da liderança nesse futuro?

O futuro que emerge todos os dias demanda de nós, enquanto lideranças, uma perspectiva paradoxal:

  • De um lado, somos cobrados a tomar decisões baseadas em dados, que diminuem os riscos e alavancam os resultados, para que caminhemos em direção a nossas metas, consigamos comparar desempenho com pares de mercado e possamos reconhecer nossos liderados adequadamente;
  • De outro, somos desafiados com o contexto imprevisível que demanda cada vez mais capacidade de improviso, respostas rápidas às mudanças e inteligência emocional para perceber comportamentos, conversas não ditas, comunicação efetiva e situações de conflito.

À primeira vista, tais questões parecem ser conflitantes. Afinal, até metodologias consolidadas de perfil comportamental como o DISC e o MBTI muitas vezes colocam o perfil lógico, racional e crítico como oposto ao perfil intuitivo, emocional e adaptativo. Essa visão de mundo e dos negócios muitas vezes nos limita a pensar de maneira complementar, forçando uma escolha que nem sempre será necessária.

Mais do que isso, as lideranças desse futuro precisarão combinar esses dois universos e encontrar maneiras de integrar a orientação a dados (se antecipar à situação) com a capacidade de adaptação (responder à situação).

O artigo “What Does It Mean To Be A Data-Driven Leader?”, de Derek Steer, e publicado na Forbes Tech Council, traz uma diferença importante entre as lideranças orientadas a dados e as lideranças informadas por dados. As primeiras estão continuamente coletando e analisando dados, realizando perguntas adicionais e tomando decisões com base nelas.

Para elas, os dados não servem apenas para confirmar uma hipótese, mas, sim, para gerar novos insights e também para direcionar a equipe para outros caminhos. Ou seja, se a liderança raramente muda de direção após a análise dos dados, provavelmente está apenas utilizando-os para validar uma decisão já tomada.

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Como podemos nos tornar essa liderança?

O caminho, então, passa pela busca das conexões entre a liderança do futuro e a liderança orientada por dados, construindo um perfil complementar que saiba navegar pela incerteza (e, por que não, com uma certa dose de intuição) e pelo oceano de dados disponível dentro e fora da empresa.

Alguns exemplos dessa integração passam pelas seguintes competências:

  • Entendimento da estratégia: definição e acompanhamento de metas, compreensão dos dados do mercado e empresas/serviços concorrentes, capacidade de readequar a estratégia às mudanças, comunicação efetiva da estratégia à equipe;
  • Segurança psicológica: mensuração e acompanhamento do engajamento da equipe, criação e otimização dos processos e estrutura organizacional, capacidade de dar e receber feedbacks;
  • Gestão de carreira: acompanhamento e gestão de planos de desenvolvimento, monitoramento dos indicadores de People Analytics, conexão e empatia com cada pessoa do time;
  • Gestão de riscos: compreensão dos processos e regras da empresa, entendimento dos indicadores financeiros e de segurança, velocidade e qualidade na tomada de decisão, capacidade de analisar, construir em conjunto e propor soluções às mudanças.

Apresentar quaisquer tipos de “5 passos para a liderança do futuro” seria uma incoerência com a proposta do texto, afinal, em um mundo BANI, dificilmente saberemos qual será o próximo caminho.

Por isso, a reflexão e a aprendizagem tornam-se as ferramentas mais necessárias para nossa evolução enquanto liderança, descobrindo o caminho enquanto avançamos. Melhor será, portanto, se caminharmos em conjunto, não é?

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Sobre o autor: Klyns Bagatini é um “aprendedor” em série, aficionado por encontrar e resolver problemas novos. Com forte experiência em Gestão de Pessoas e uma sólida base tecnológica como Engenheiro Mecatrônico e Product Manager, aprendeu a integrar o mundo dos dados, números e tecnologias com o mundo das pessoas, conexões e culturas. Assim, ao longo da sua trajetória, vem aperfeiçoando a capacidade de identificar problemas, entendê-los e cooperar para criar soluções que resolvem desafios cada vez mais complexos. Por isso, sempre mergulha em desafios aparentemente “grandes demais” para ele. Com uma mistura de trabalho duro, pessoas incríveis e uma certa ousadia, teve a sorte de estar sempre envolvido em equipes de alto desempenho que alcançavam resultados inéditos.

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