A liderança humanizada em um mundo tecnológico 

 O futuro já chegou. Vamos abraçar a tecnologia, mas não nos tornar a tecnologia. O futuro é importante demais para ser deixado completamente aos algoritmos e máquinas inteligentes. 

Tudo o que não pode ser digitalizado, automatizado ou feito por robôs terá extremo valor. Trabalho só humano é o nosso futuro. Devemos ir além da tecnologia para definir os reais valores humanos e éticos neste contexto digital. 

Este pensamento é de Gerd Leonhard, futurista humanista, listado como uma das 100 pessoas mais influentes na Europa. 

Desvendando a complexidade: entre VUCA e BANI 

Vivemos num ambiente incerto e complexo, de grande transformação tecnológica, acelerado pela pandemia, com crise atrás de crise e a um ritmo cada vez maior. Já em 1987, Warren Bennis criou o termo VUCA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo) para descrever o mundo. 

E esse termo foi em seguida adotado pelo colégio militar norte-americano para descrever cenários de guerra. Imaginem. Mais recentemente, em 2018, o antropólogo e futurista Jamais Cascio observou que o VUCA não era mais suficiente para descrever a nossa realidade e desenvolveu um novo termo, BANI (Frágil, Ansioso, Não-linear e Incompreensível). 

A pandemia fez com que esse acrônimo fizesse ainda mais sentido e refletisse a realidade das sociedades e empresas. O mais provável é que você se sinta vivendo entre ambos os mundos. Como diria a Mafalda em uma de suas charges: “parem o mundo, que eu quero descer!” 

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Reinventando a liderança rumo a um modelo humanizado 

Sabemos que a liderança do século passado não será mais adequada para as soluções necessárias no futuro, que, na realidade, já chegou. A liderança do passado era baseada em líderes heróis, indivíduos que tomavam o destino pelas rédeas e traziam todas as respostas, clareza e esperança, como dizia Warren Bennis. 

Esse líder conduzia a sua equipe e era especialista no seu setor ou área de negócio. Tudo girava em torno dele ou dela, que controlava e comandava as atividades, dizia a direção e designava as funções. O foco era nos resultados do semestre passado ou nos do próximo, procurando criar previsibilidade. 

Hoje o líder necessita evoluir para um modelo diferente, compartilhado, no qual o pontapé inicial e o exemplo ainda vêm da liderança, mas não gira tudo em torno dele ou dela. 

É uma liderança humana, utilizando competências puramente humanas, como empatia, comunicação, ética, criatividade, imaginação, intuição, design e emoção, competências essas muitas vezes desprezadas pelo líder e pelas organizações do passado. 

Quais devem ser as 4 prioridades da alta liderança para uma gestão mais humana? 

O foco da liderança do século 21 necessita ser, primeiramente, criar equipes coletivas de líderes. Segundo, promover a liderança através de fronteiras e setores em mudança. Terceiro, expandir uma visão ecossistêmica de negócio e, quarto, aumentar a capacidade de viver na incerteza. 

O seu foco não é apenas o curto prazo, mas sim a integração de três horizontes de tempo: o business as usual ou o dia a dia; a inovação para amanhã, que faz a ponte entre o curto e o longo prazo; e o future foresighting ou previsão do futuro. 

Ou seja, para poder navegar neste mundo cada vez mais complexo, as companhias necessitam ir além da digitalização tecnológica em si e reimaginar o que elas fazem, o que realmente agrega valor e significado para os seus stakeholders e sociedade e transformar a equipe da liderança para cumprir esse propósito. 

CEOs e alta liderança precisam dedicar energia e tempo para avançar com mudanças significativas, em vez de dedicar tempo exclusivamente para gerenciar o negócio do dia a dia. Para isso, necessitam montar e desenvolver as suas equipes. Não só o líder da equipe e os membros individualmente, mas principalmente coletivamente gerenciar, liderar e inspirar a organização. 

Como formar e desenvolver times e líderes inspiradores? 

Em um artigo recente da Harvard Business Review, Paul Leinwand e outros especialistas apontam 4 principais componentes para CEOs montarem os seus times de liderança. 

Primeiro, identificar os papéis e capacidades necessárias para transformar a organização para o futuro. Segundo, contratar e juntar as pessoas certas para criar um valor ótimo de forma a ter o talento e a diversidade necessários na equipe de liderança. 

Terceiro, focar a equipe em conduzir a agenda de mudança, investindo o tempo nas prioridades para o futuro, em vez de gastar o seu tempo exclusivamente gerenciando o negócio atual. E quarto, se apropriar dos comportamentos da sua equipe, desenvolvendo as competências e os altos níveis de confiança, colaboração e comprometimento que vão permitir que o resultado coletivo seja maior que a soma das partes. 

E, finalmente, talvez o maior desafio tenha a ver com uma gestão intencional de prioridades e do tempo, o recurso mais escasso da alta liderança. A habilidade de balancear várias polaridades inerentes ao seu papel de líder da organização é crítica para o sucesso futuro. 

Algumas das principais polaridades são, foco na estratégia, na execução, na tecnologia, nas pessoas, no indivíduo, no coletivo, ser íntegro e politicamente hábil, ser humilde e confiante para arriscar, ter um modelo mental global, também um olhar local. 

Isso representa sair do modelo mental “ou faço isto ou me dedico àquilo” para um modelo de liderança que afirma: “necessitamos de fazer isto e aquilo”. A equipe necessita desenvolver um mindset de integração de polaridades e construir sobre as diferenças 

É imperativo desenvolver uma liderança partilhada, humana, que reforça a confiança no trabalho colaborativo e a responsabilidade mútua pela performance, pelo bem-estar, pela aprendizagem na equipe e na organização, transformando processos, criando conexões com uma visão sistêmica e interdependente. 

Este é um processo que evolui no tempo, nem sempre de uma forma linear, sendo que mais importante que acertar logo tudo de primeira, é necessário continuar a avançar nas diferentes frentes de desenvolvimento e execução.

Isto inclui desenhar formas para que os indivíduos e a equipe possam aprender e se desenvolver continuamente. Porque, paradoxalmente, a mudança é uma constante inevitável. 

Com o ritmo de mudança no mundo é necessário aprender a aprender para se adaptar, no mínimo, na mesma velocidade dessas mudanças. Rodeie-se de pessoas talentosas que se complementem, inclusive que não sejam iguais a você, e que consigam equilibrar comportamentos de liderança opostos e se desafiem mutuamente para atingir grandes resultados em um ambiente de confiança. 

Como refere Paul Leinwand, mais importante de tudo, assegure-se que o seu time realmente lidera dedicando tempo e energia à agenda do futuro. E aí, como você tem inspirado em conduzir o seu time, as pessoas da sua organização, para uma liderança mais humana neste mundo tecnológico? 

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Susana Azevedo é fundadora da ns2a-Desenvolvimento Humano e mais recentemente da Quantum Development, empresas de consultoria em coaching, formação e desenvolvimento de liderança e gestão, trabalhando para executivos e equipes de grandes e médias organizações, principalmente na América Latina, América do Norte e Europa. Tem experiência em coaching, mentoring e facilitação, presencial ou virtualmente, bem como na concepção de programas para mudanças organizacionais e de reestruturação, bem como em ambientes multiculturais e internacionais complexos.

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